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A importância de respeitar o tempo da criança para desenvolver o brincar


Quando nasce um bebê há um choque quase que imediato quando o assunto é rotina. Eles querem dormir no horário em que você tinha costume de almoçar, pedem para mamar quando você quer dormir e o que era básico até dias atrás se torna uma missão quase impossível de ser executada. O descompasso é natural e o proximidade cotidiana dá à família uma possibilidade de ir imprimindo seu próprio ritmo. Isso não garante que a banda não vá desafinar vez ou outra, mas diminui a sensação de estar tateando no escuro.

Fato é que todos nós – não só nossos filhos – nascemos regulados sob o tempo da natureza, que é muito diferente do que é organizado pelo relógio. Acordamos quando finda o sono, nos queixamos quando bate a fome, pedimos afago quando nos sentimos em perigo. Pode ser dia útil, feriado, madrugada, a hora que for. Há uma linha tênue entre sentir e expressar e esse tempo-fora-do-tempo perdura como regente das crianças por anos! Mamar é urgente, brincar é urgente, receber colo é urgente e dormir, ufa, nem se fala!

No alto de nossa rigidez adulta, muitas vezes perdemos a paciência ou não temos disponibilidade para acolher as demandas dos pequenos. Pensando especialmente no brincar (já que as demais já estão no kit básico de sobrevivência e a gente dá um jeito pra cumprir) pode vir inclusive uma sensação gigante de não saber por onde começar. Tem quem se preocupe bastante com a ordem das coisas e que veja um alerta de perigo ou de sujeira em qualquer iniciativa da criança. Tem também quem está tão conectado com o universo adulto que perdeu o brilho do improviso, da falta de propósito, da liberdade de criar.

Pois bem: a brincadeira é o melhor método de aprendizado emocional, social e cognitivo. É também a maior ferramenta de construção da individualidade, da descoberta sobre o que agrada e o que não tanto, bem como do repertório interior de foco, atenção, autonomia e auto-estima. Deixar que as crianças enfrentem o ócio e que, a partir dele, façam o que vier à cabeça, é abrir a porta para a imaginação e todos os seus benefícios.

Enquanto se dá conta das capacidades e limites do seu próprio corpo, a criança interage com o meio e encontra o imprevisto. Aprende a se adaptar, a lidar com frustração, a resolver problemas, a pedir ajuda e uma infinidade de habilidades importantes. O livre brincar é um exercício físico altamente recomendado mas também é um exercício de autoconhecimento que permite florescer, dentro de cada criança, um caminho único de ser indivíduo.

Atividades direcionadas são ruins? Não! Mas deixar a criatividade e o contexto serem terreno para nascer a brincadeira torna o momento muito mais divertido e rico. Eles já nascem sabendo fazer isso... Vamos nós desconstruir as regras e aprender a brincar?

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